Empreendedorismo na Advocacia: a urgência da Gestão Profissional nos escritórios

Por Strunz | 13 de setembro de 2024
Empreendedorismo na Advocacia: a urgência da Gestão Profissional nos escritórios

O advogado é, antes de tudo, um empreendedor. Mesmo que muitos não se reconheçam nessa condição, uma parte significativa dos egressos das faculdades de Direito no Brasil, em algum momento de suas carreiras, se vê conduzida ao empreendedorismo na advocacia.

Os números da advocacia brasileira são expressivos, mas o que realmente impressiona é o número elevado de sociedades de advogados. As estimativas mais precisas apontam para mais de cem mil CNPJs de escritórios de advocacia com estruturas que envolvem mais de um sócio. Considerando as sociedades unipessoais, esse número pode ser até três vezes maior.

Gerir um escritório de advocacia tornou-se um desafio crucial para os milhares de advogados que empreendem, optando por essa forma de exercício profissional. Consequentemente, a administração eficiente desses escritórios ganha cada vez mais relevância.

Empreendedorismo e Gestão

Independentemente do porte da estrutura — seja em termos de receita, número de advogados ou colaboradores — é essencial reconhecer que a gestão, ou a ausência dela, impacta diretamente a excelência dos serviços prestados.

Elementos como posicionamento de mercado, planejamento estratégico, governança, orçamento, vendas, precificação, modelos operacionais, políticas de remuneração, atração, retenção e sucessão de talentos não podem ser tratados como acessórios à mercê da vontade dos sócios.

Não há espaço para excelência em uma administração que hesita em adotar processos institucionais de gestão ou que se mostra avessa aos riscos inerentes ao negócio. Ao resistir à ideia de se enxergar como empresas, os escritórios de advocacia voluntariamente assumem uma posição secundária tanto perante seus clientes quanto perante a sociedade.

É urgente que as lideranças dos escritórios deixem de se guiar pelo humor dos sócios fundadores ou se tornem reféns de práticas e pessoas que já não representam a essência do negócio, mesmo que tenham sido importantes na sua gênese. Práticas que não resistem a uma análise técnica e imparcial, isenta de emoção, precisam ser questionadas.

Assim como qualquer empresa, os escritórios de advocacia são dinâmicos e não podem ignorar que a trajetória de um CNPJ é marcada por diferentes fases, moldadas pelas circunstâncias de mercado. Ao não reconhecer isso, os escritórios perpetuam ineficiências operacionais, comerciais e negociais, colocando em risco a própria estrutura, muitas vezes movidos por crenças ultrapassadas e pela vaidade de seus líderes.

A gestão profissional, com suas diversas interferências no funcionamento dos escritórios de advocacia, não é apenas uma garantia de sobrevivência, mas uma necessidade premente. A adoção de procedimentos e critérios administrativos é, portanto, uma urgência para as sociedades de advogados.

Antifrágil: lidando com os desafios do empreendedorismo na advocacia

Nassim Nicholas Taleb, autor best-seller de O Cisne Negro e um dos principais pensadores da atualidade, revela em sua obra Antifrágil como prosperar em um mundo incerto. Taleb introduz o conceito de “antifrágil”, que descreve coisas que não apenas resistem ao caos, mas que necessitam dele para crescer e florescer.

Em O Cisne Negro, Taleb demonstrou que eventos altamente improváveis e imprevisíveis estão por trás de quase tudo em nosso mundo. Em Antifrágil, ele inverte a lógica da incerteza, tornando-a desejável e até necessária, sugerindo que as coisas sejam construídas de maneira antifrágil. O antifrágil vai além da resiliência ou da robustez: enquanto o resiliente resiste aos choques e permanece o mesmo, o antifrágil melhora com os desafios.

Como Taleb descreve: 

“Algumas coisas se beneficiam dos choques; elas prosperam e crescem quando expostas à volatilidade, aleatoriedade, desordem e estressores, e amam a aventura, o risco e a incerteza.”

Inspirados pelo conceito de antifragilidade, muitos escritórios de advocacia têm abraçado desafios nos últimos anos e encontrado maneiras de se adaptar a novas formas de trabalho. Ao fazer isso, desenvolveram recursos que os tornaram mais capazes e resilientes diante dos choques atuais, preparando-se melhor para a volatilidade, a aleatoriedade e os estressores futuros.

 

Autor: André Porto Alegre

André Porto Alegre é jornalista e CEO da Law Consulting, consultoria especializada em Gestão Legal e Negócios da advocacia